#NOTA TÉCNICA
Estabilização de caminhos de serviço temporários em terrenos com baixa capacidade de carga
Na implantação de obras de infraestrutura em terrenos com baixa capacidade de carga, um dos desafios mais comuns para seu início é a estabilização de caminhos de serviço temporários que garanta a operação de equipamentos e veículos com segurança e agilidade. Em geral, essas estradas temporárias são não pavimentadas e construídas com materiais granulares de pequena espessura.
Os geossintéticos representam uma solução altamente eficaz para a estabilização das camadas de base de pavimentos nessas situações. Sua aplicação promove o reforço do terreno com aumento da capacidade de carga, a separação entre a camada de base e o subleito, evitando a perda do material da base por penetração no terreno natural, e a prevenção da contaminação da camada granular de base por partículas finas do subleito. Como principais consequências destacam-se a redução da espessura necessária para a camada de base, a redução do afundamento em trilha de roda, a diminuição de recalques diferenciais, o aumento da vida útil do pavimento e a melhoria da qualidade de transporte. A obra ganha em termos de custos, agilidade e segurança. No caso específico de caminhos de acesso temporários, ainda há a facilidade de simples desmonte após o término da obra.
Entretanto, para que a obra se beneficie ao máximo dessa aplicação são necessários materiais geossintéticos de qualidade e instalação adequada. Em geral, para estradas de serviço temporárias, indica-se a utilização de geotêxtil tecido bidirecional de laminetes de polipropileno tipo Basetrac Woven. A seguir, são apresentadas orientações gerais para a correta instalação dos materiais em caminhos de serviço ou estradas de acesso temporário a obras.
1. TRANSPORTE, ARMAZENAMENTO E MANIPULAÇÃO
As bobinas são protegidas por lonas resistentes às solicitações normais durante o transporte e a intempéries. Cada bobina é identificada pela especificação do material em rótulos adesivos da empresa. Durante todo o período de transporte e estocagem, deve-se evitar ambientes agressivos e o contato ou exposição direta do geotêxtil com materiais que possam deteriorálo. O geotêxtil não deve ficar exposto a temperaturas superiores a 65°C. Deve-se evitar ambientes agressivos e o contato ou exposição direta do geotêxtil com materiais que possam deteriorá-lo.
2. PREPARAÇÃO E POSICIONAMENTO DOS PAINÉIS
O terreno onde será posicionado o geotêxtil Basetrac Woven deve ser preparado de forma a estar o mais plano e limpo possível. Deve ser desenrolado manualmente ou por equipamentos que não causem danos ao material, diretamente no local a ser posicionado ou nas proximidades.
O material pode ser facilmente cortado no comprimento especificado em projeto com o uso de faca ou tesoura. Para orientação no corte dos painéis, fitas métricas acompanham as bobinas do geotêxtil.
Os painéis cortados de Basetrac Woven devem estar bem esticados em sua posição final na obra, sem apresentar dobras. Caso se verifique que houve dano por perfuração ou rasgo, deve-se cobrir a área afetada com um painel do próprio material, com dimensões mínimas de 1 m x 1 m.
3. UNIÃO ENTRE PAINÉIS
A união entre painéis tanto no sentido transversal quanto no sentido longitudinal deve seguir as recomendações específicas e podem ser efetuadas por simples sobreposição ou por costura.
A largura de sobreposição deve seguir a recomendação do projeto executivo. Recomenda-se uma sobreposição com largura mínima de 0,5 m, podendo chegar a 1 m dependendo das condições do subleito. O custo de mão-de-obra estimado para instalação de Basetrac Woven com sobreposição é da ordem de 0,05 hh/m2.
Como alternativa à sobreposição, a emenda entre painéis pode se dar por costura. A máquina de costura mais comumente utilizada é a portátil com peso médio inferior a 5 kg com costura de ponto simples. Recomenda-se a utilização de uma linha de costura de alta resistência (mínimo de 16 kgf de resistência à tração).
O consumo de linha varia em torno de 7 m de linha a cada metro de costura. Em geral, a equipe de costura é composta por no mínimo três pessoas. O custo de mão-de-obra estimado para instalação de Basetrac Woven com costura é da ordem de 0,1 hh/m2.
4. DETALHES CONSTRUTIVOS
Os painéis de geotêxtil devem ser posicionados transversalmente ao eixo dos caminhos de serviço ou estradas de acesso provisórias. Recomenda-se que a via tenha largura mínima de 5 m em sua plataforma superior.
Nos offsets dos taludes, o geotêxtil pode ser envelopado ou não. Se for envelopado, a espessura mínima de aterro a ser envelopada é de 15 cm. Caso o Basetrac Woven seja instalado com dobra, deve ser observado uma borda livre sem tráfego de 50 cm no topo do aterro. Se for instalado sem dobra, essa distância de segurança passa a ser de 1 m. A opção de envelopar ou não o geotêxtil irá resultar em uma plataforma de aterro mais ou menos larga, dependo da configuração, conforme apresentado abaixo:
5. LANÇAMENTO DO SOLO
O aterro pode ser executado diretamente sobre o Basetrac Woven. O deve ser necessariamente granular, com espessura total mínima de 30 cm. Seu lançamento do deve ser feito por ponta de aterro em camadas e empurrado por equipamento leve de esteiras, sem compactação pesada. O sentido de lançamento do solo deve ser coincidente com o das sobreposições para evitar que as bordas dos painéis enrolem.
As máquinas e equipamentos de construção não devem operar em contato direto com o geotêxtil. Um mínimo de 15 cm de solo deve ser espalhado sobre o geotêxtil para permitir o tráfego de máquinas sobre a área coberta com o Basetrac Woven. Além de não trafegar em contato direto com o geotêxtil, deve-se evitar grandes velocidades e paradas repentinas para minimizar as movimentações do material durante a construção das vias.
O geotêxtil Basetrac Woven deve ser coberto com o solo dentro de 30 dias no máximo para evitar exposição excessiva aos raios UV.
6. ESPECIFICAÇÕES TÉCNICAS
O geotêxtil tecido de laminetes de polipropileno Basetrac Woven apresenta resistência à tração característica nas duas direções que pode chegar a até 80 kN/m e deformação máxima de até 15% de na resistência característica. É fornecido em bobinas de 5 m de largura por comprimentos de 100 m ou 200 m em função das especificações do produto ou conforme pedidos especiais.
A tabela a seguir apresenta as especificações técnicas dos produtos mais usuais da linha Basetrac Woven:
7. CONTROLE DE QUALIDADE
Todo lote de fabricação é submetido a ensaios de controle de qualidade no próprio laboratório da HUESKER. O Certificado de Acreditação DAkkS, reconhecido em diversos países incluindo o Brasil, confere ao nosso laboratório o status de laboratório capacitado, idôneo e independente. Assim, os ensaios realizados são aceitos também como ensaios de controle de recebimento dos materiais na obra.
Os produtos das linhas de reforço como o Basetrac Woven e as geogrelhas são controlados por sua resistência à tração de faixa larga, de acordo com a norma NBR ISO 10319. A seguir é apresentado um exemplo de um relatório de controle de qualidade de amostras de Basetrac Woven 55/55:
No relatório do ensaio constam diversas informações dos ensaios para cinco corpos de prova, entre elas:
• Curva de mobilização da força de tração em função da deformação
• F-max: força à tração na ruptura
• ε-max: deformação na ruptura
• Tε 1: força à tração mobilizada para deformação de 2%
• Tε 2: força à tração mobilizada para deformação de 3%
• Tε 3: força à tração mobilizada para deformação de 5%
• ε 1: deformação medida na resistência à tração característica ou nominal
Adicionalmente, para cada um dos parâmetros acima obtidos no ensaio é feita uma análise estatística com média, desvio padrão e variância. Os resultados são apresentados na parte inferior do relatório do controle de qualidade.
Assim, o cliente tem a tranquilidade de receber na obra os produtos com a qualidade comprovada e certificada por ensaios de laboratório.